O ano mal comeou e as previses trmicas j assustam. Aps 2023 ter sido o ano mais quente da histria, anlises da Organizao Meteorolgica Mundial (OMM) indicam que as temperaturas recordes no param por a. 2024 poder ser o mais quente da histria.
Levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) evidenciou que, no ano ado, de 12 meses, 9 tiveram temperaturas acima da mdia histrica. O mesmo dever ser registrado em 2024.
Em conversa com o ReprterMT, o fsico ambientalista Srgio de Paulo, cientista da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), as projees ainda esto sendo estabelecidas, pois de um ano para outro h variaes, mas preciso "se preparar" para 2024.
" muito difcil voc prever, assim, com intervalo de um ano, como que vai se comportar. Mas, eu diria que possvel, e que ns devemos nos preparar para o ano de 2024 a enfrentar, vamos dizer assim, ondas de calor bastante considerveis, bastante fortes, nesse perodo de agosto, setembro, outubro", disse.
Srgio destaca que Mato Grosso e at Cuiab, deve ser afetado, principalmente nos meses de seca, que tm uma tendncia a ficar cada vez mais quentes. Esse aumento contnuo de temperaturas que j vem sendo registrado h 20 anos e a tendncia que em mais 20 anos, as temperaturas cheguem a 48 graus, quatro graus a mais que o recorde histrico de 44,2 graus registrado outubro de 2023.
"Se pegarmos projees de dados de 20 anos, desde agora 20 anos atrs, ns vemos que em alguns meses aqui na regio Centro-oeste, ns sofremos um processo contnuo de elevao de temperatura. Especialmente no ms de setembro. Nos ltimos 20 anos a temperatura mdia no ms de setembro se elevou 4 graus. No comparativo, podemos dizer que daqui 20 anos as temperaturas vo atingir 4 graus a mais do que atingiram no ano de 2023", exps.
Todavia, o cientista descata que o fenmeno El Nio, que assustou os mato-grossenses no ano ado, no ter tanta influncia sobre o Centro-oeste, ainda assim, o calor dever ser persistente. "Segundo os dados que ns temos, que so dados de estaes meteorolgicas de toda a regio Centro-oeste durante os ltimos 20 anos, e Mato Grosso, em particular, o El Nio no exerce uma influncia significativa. Ento, o que est acontecendo aqui no pode ser atribudo ao El Nio. Ns temos outros agentes que esto relacionados a essas ondas de calor", explicou.
O Centro-oeste registra as temperaturas mais altas geralmente em setembro e com um pouco menos intensidade, nos meses de agosto, julho e outubro, que esto relacionados ao perodo de seca. "O calor aqui, a temperatura elevada na regio, ela est associada falta de gua. Isso acontece porque o processo de evapotranspirao (evaporao da gua) o fator principal que cobe a elevao da temperatura. Ento, quando vem a energia solar, ela precisa ser distribuda de alguma forma. Uma parte vai para o aquecimento do ar, a outra parte vai para a evaporao da gua. Ento, quanto mais gua disponvel tiver no solo, na vegetao, na gua de superfcie ou mesmo na umidade relativa do ar, menor vo ser as temperaturas experimentadas. Ento, quanto mais seco estiver o ambiente, mais fcil a temperatura subir, mais provvel que a temperatura suba", destacou.
Ainda segundo o especialista, as rvores tambm so responsveis pelas mudanas climticas. Dessa forma, o desmatamento atinge com mais fora as regies agrcolas. "Sabe-se que a floresta amaznica uma regio que retm muita gua, porque as razes formam uma espcie de esponja que retm gua. Vamos dizer que, onde tem rvores chove muito, porque elas emitem aerosis que funcionam como ncleos de condensao. Ento a floresta amaznica tambm atrai chuva. E essa umidade toda que a floresta amaznica retm devido ao regime de ventos do Brasil, vem da Amaznia e a pela regio Centro-oeste e sudeste e irriga toda essa regio, onde a gente tem maior produtividade agrcola no Brasil. Ento, quanto maior o desmatamento nessa regio, menos umidade vai vir para c e maior ser a elevao da temperatura", concluiu.
