O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse hoje (27) que “o pior momento da inflao j ou”, e que, graas ao histrico de convvio que o Brasil teve com altos ndices inflacionrios, a autoridade monetria brasileira conseguiu “sair na frente”, adotando ferramentas capazes de frear o processo inflacionrio.
As afirmaes foram feitas durante o Eroso da Ordem Pblica Internacional e o Futuro, no Dcimo Frum Jurdico de Lisboa, na capital portuguesa. Durante o discurso, Neto lembrou que o Brasil “ um dos poucos pases que no meio desse processo est tendo revises para cima” do Produto Interno Bruto (PIB).
“Inclusive a nossa ltima reviso no BC aumentou [a previso de crescimento do PIB] de 1,5% para 1,7% [em 2022]. Provavelmente teremos PIB forte no segundo trimestre. Obviamente, em algum momento, tudo que estamos fazendo vai gerar alguma desacelerao no segundo semestre. Mas ainda assim o crescimento bastante melhor do que se esperava no incio do ciclo de ao”, disse Campos Neto.
A experincia que o Brasil tem com o combate inflao tem ajudado na definio estratgica para amenizar este problema. “Como ns no Brasil entendemos que era problema mais de demanda, na minha opinio, at um pouco antes dos demais pases, o BC do Brasil saiu na frente porque temos memria de inflao muito maior, e mecanismos de indexao muito mais vivos”, disse.
Campos Neto ressalta que todos os pases esto subindo juros e que, enquanto alguns pases esto no meio do caminho, o Brasil j est muito perto de ter feito o trabalho todo. “Vamos ver ainda alguns pases subindo bastante os juros”, acrescentou.
Ainda segundo Campos Neto, o Brasil ainda apresenta um “componente de acelerao de inflao”. Ele, no entanto, disse acreditar que o pior momento da inflao j ou. “Temos algumas medidas desenhadas pelo governo que ainda precisamos entender os efeitos delas no processo inflacionrio, o que ainda no est claro, mas o Brasil fez o processo antecipado e acreditamos que nossa ferramenta capaz e vai frear o processo inflacionrio”.
Preos e investimentos
Na avaliao do presidente do BC brasileiro, os ndices inflacionrios que esto sendo registrados em diversos pases tm como origem uma “desconexo entre preos e investimentos” que vai alm do petrleo, abrangendo tambm os alimentos.
“Os governos esto enfrentando o dilema de garantir segurana energtica e alimentar para a populao”, disse. Nesse sentido, “muitos pases, em funo da guerra, esto adotando medidas protecionistas que esto contaminando o resto da cadeia de inflao”. “E o anseio de gerar segurana alimentar e energtica dos governos est sendo feito de maneira descoordenada e gerando queda de investimento”, acrescentou.
Segundo Campos Neto, a falta de coordenao est gerando queda em investimentos tanto em energia quanto em alimentos. “Precisamos entender que quem produz alimentos e energia no o governo, mas o setor privado e que o governo tem de enderear o problema das classes sociais mais baixas, mas no pode se desviar das prticas de mercado, porque, no final das contas, so os mercados que produzem alimentos e energia”, completou.