O Ministrio Pblico de Mato Grosso afirmou, na denncia contra Nataly Helen Martins Pereira, 25, que a escolha da vtima, Emelly Beatriz Azevedo Sena, de apenas 16 anos, no foi aleatria. Segundo o promotor de Justia Rinaldo Ribeiro de Almeida Segundo, Nataly premeditou o crime e procurou por uma vtima com um perfil especfico: jovem, grvida, negra e em situao de vulnerabilidade social.
"Ela escolheu Emelly porque sabia que sua morte no causaria comoo. Porque era uma menina pobre, negra, uma jovem grvida que, para a assassina, poderia simplesmente desaparecer sem que ningum sentisse falta", diz um trecho da denncia, apresentada nessa quarta-feira (26).
O MP sustenta que Nataly tratou a vtima como um "mero objeto de uso", reduzindo-a sua condio de gestante para atingir seu objetivo criminoso.
A investigao apontou que Nataly monitorava grupos de doao para bebs nas redes sociais em busca de uma vtima. Quando encontrou Emelly, iniciou contato oferecendo supostas doaes e marcou um encontro na prpria residncia. "Nada foi por acaso. Houve um planejamento meticuloso para atrair a vtima e garantir que o crime fosse cometido da forma mais cruel possvel", destaca o promotor.
A denncia detalha que, ao chegar ao local, Emelly foi atacada por trs, amarrada e asfixiada com sacos plsticos. Com a vtima ainda viva, Nataly usou uma faca e uma navalha para abrir sua barriga e retirar o beb. "A brutalidade desse crime no foi apenas um ato de violncia extrema. Foi a expresso de um desprezo absoluto pela vida de uma mulher que a assassina considerava descartvel", refora a Promotoria.
Aps extrair a recm-nascida, Nataly tentou registrar a criana como sua filha no Hospital Santa Helena, em Cuiab, usando um documento falso. No entanto, mdicos perceberam que ela no havia ado por um parto, o que levou descoberta do crime.
Nataly foi denunciada por oito crimes: feminicdio qualificado, tentativa de aborto sem consentimento da gestante, subtrao de recm-nascido para colocao em lar substituto, dar parto alheio como prprio, ocultao de cadver, fraude processual, falsificao de documento particular e uso de documento falso. O MP pede que ela v a jri popular e seja condenada a reparar os danos s vtimas.
"No foi um crime ional, no foi um surto. Foi um ato planejado, cruel e marcado por um profundo desprezo pela vtima, escolhida deliberadamente por ser mulher, jovem, negra e vulnervel", conclui a denncia.