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Em processo histrico de Cuiab, escravagista reclama de escravos doentes jq6k

A escravido s foi abolida 20 anos depois deste episdio 3w6w6u

29/04/2024 | 06:54

Gazeta

Em processo hist

Foto: Reproduo

Processos judiciais arquivados no Frum de Cuiab ilustram um pouco de como era a realidade da Capital no sculo XIX. Um dos mais antigos, datado de 1868, fala sobre uma reclamao, um protesto, de um comprador de escravos que se queixava de que eles no serviam para trabalhar. O fazendeiro alega que os trabalhadores escravizados estavam doentes e queria devolv-los para ser reembolsado.

O processo trata sobre o protesto de Francisco Dias Leite aps ter comprado dois escravos acometidos de “molstia incurvel”. Os escravizados eram Manoel, 45, e Brbara, de 30. O vendedor era Jos Serafim de Borba. O procurador que atuou em defesa dos interesses de Francisco foi o alferes Caetano Maria Alberns.

A negociao foi fechada em dois contos e trezentos mil ris, sendo que Francisco pagou a entrada de um conto e trezentos mil ris, em moeda, e um conto de ris deveria ser pago a prazo, em 6 meses. Um conto de ris era a expresso adotada para indicar um milho de ris. No existe nenhuma calculadora oficial do Governo para a converso desta moeda considerando inflao e poder de compra. O Banco Central apenas descreve que mil ris equivalem a um cruzeiro (de 1942).

Esta negociao retrata como seres humanos eram tratados como bens no Brasil h pouco mais de 150 anos. No protesto, Francisco Dias Leite se queixa de ter comprado escravos “sem condies para o servio”, e buscava a devoluo deles por conta das “molstias incurveis”.

“Diz Francisco Dias Leite, morador na freguesia de Santo Antonio do Rio Abaixo, que tendo comprado em 14 de setembro prximo ado de Jos Serafim Borba dois escravos de nomes Manoel e Barbara conforme prova com o documento (...) no esteja satisfeito com os ditos escravos, visto sofrerem estes de molstias incurveis que impossibilitam quase que completamente de todo e qualquer servio e por que semelhante se encontra em direito a ser nula no s pela carncia de escritura pblica como tambm por ter sido esta efetuada de modo que no abone a boa-f do vendedor. Vem o suplicante protestar contra ela e requerer que tomado o seu produto por termo se sirva mandar internar ao suplicado entregando-se o mesmo para fazer uso que lhe convier”.

A escravido s foi abolida 20 anos depois deste episdio. O ato poltico e istrativo de 13 de maio de 1988 foi festejado pela populao negra (escravos e libertos) e tambm por todos os outros que eram aliados das ideias de libertao, sendo que Cuiab foi uma das sedes desses festejos, que duraram por quase um ms.

De acordo com a Coordenadoria de Cultura e Resgate Histrico da Cmara Municipal de Cuiab, o nmero de escravos na capital de Mato Grosso nesta poca no era to alto. Isso porque a cidade j no vivia tempos de riqueza como no perodo de explorao do ouro.

Nos arquivos da Cmara consta uma ata da sesso parlamentar do dia 9 de junho de 1888, com o registro do pedido de cidados cuiabanos ao presidente da Casa, Antnio Augusto Ramiro de Carvalho, para que este disponibilizasse para o dia seguinte, s 17h, uma banda de msica para os cuiabanos festejarem o ato da abolio completa da escravido no Brasil.

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