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Teto do rotativo reduz endividamento, mas juros continuam altos y1w2n

Medida vale apenas para novos financiamentos 31q6

04/01/2024 | 08:14

Agncia Brasil

Teto do rotativo reduz endividamento, mas juros continuam altos

Foto: Reproduo

Em vigor desde esta quarta-feira (3), o novo limite dos juros do rotativo do carto de crdito um importante o para reduzir o endividamento no pas, dizem especialistas. Eles alertam, no entanto, que a medida vale apenas para novos financiamentos e, mesmo com a reduo, os juros continuam altos, e os consumidores devem tomar cuidado para no se endividarem ainda mais.

Quando o consumidor no paga o valor total da fatura do carto de crdito at o vencimento, automaticamente entra no crdito rotativo. Ou seja, contrai um emprstimo e comea a pagar juros sobre o valor que no conseguiu quitar. O problema que a taxa do rotativo est entre as mais altas do mercado.

Segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC), em outubro juros do rotativo do carto de crdito estavam, em mdia, em 431,6% ao ano. Isso significa que uma pessoa que entre no rotativo em R$ 100 e no quita o dbito, deve o equivalente a R$ 531,60 aps 12 meses.

Aps 30 dias no crdito rotativo, os consumidores devem quitar a dvida ou entrar no crdito parcelado e negoci-la com as instituies financeiras.

Agora, essa taxa de juros no rotativo ter um teto de 100%. Quem deixa de pagar uma fatura de R$ 100, por exemplo, pode ter que pagar, no mximo, o equivalente a R$ 200 aps 12 meses.

Segundo o diretor Executivo do Procon-SP, Luiz Orsatti Filho, a medida um o importante. No entanto, acredita que a taxa idealmente deveria ser ainda menor. “[A medida] vai beneficiar o pblico em geral e no apenas o superendividado, que tem essa dvida com o carto de crdito, mas o pblico em geral que, s vezes, precisa fazer algum tipo de financiamento”, diz. “Para um pas como o Brasil, esse ndice infelizmente ainda muito alto. um o importante, mas ainda temos muito a caminhar, mas no deixa de ser um o importante”, acrescenta.

Estatsticas

No Brasil, trs a cada quatro famlias esto endividadas. Segundo a Confederao Nacional do Comrcio de Bens, Servios e Turismo (CNC), 76,6% das famlias brasileiras tm dvidas a vencer em carto de crdito, cheque especial, carn de loja, crdito consignado, emprstimo pessoal, cheque pr-datado e prestaes de carro e da casa. O maior percentual de dvidas em atraso (36,6%) dos consumidores de baixa renda, de at trs salrios mnimos.

A pesquisa mostra tambm que o carto de crdito ainda o mais usado pelos endividados, atingindo 87,7% do total de devedores. “Qualquer crdito deve ser a ltima opo de qualquer situao. Pode ser uma emergncia, pode ser o acaso, mas deve ser a ltima opo, e claro, procurar instituies financeiras autorizadas pelo Banco Central, no qualquer tipo de agente no oficial. E, claro, buscar o crdito mais barato, seja ele consignado, pessoal e, por ltimo o rotativo”, diz Orsatti Filho.

Crescimento econmico

Segundo o presidente do Instituto Locomotiva e fundador do Data Favela, Renato Meirelles, a medida acertada, uma vez que o rotativo uma das maiores causas do endividamento. “Os juros do rotativo eram maiores do que os que qualquer consumidor de baixa renda pagaria a um agiota do bairro onde mora, por exemplo. Sei que a frase forte, mas uma verdade absoluta. No tinha nenhum modelo de emprstimo que cobrava mais juros do consumidor e acredito que o crdito rotativo o verdadeiro responsvel pela inadimplncia”, ressalta.

medida que a inadimplncia cair, diz Meirelles, surgiro novas necessidades dos consumidores. Alm disso, novas condies econmicas provocadas pela reduo dos juros devero influenciar a deciso das autoridades e dos bancos. “Se isso vai levar a uma queda ainda maior dos juros, isso o tempo vai dizer. Mas o que a gente v um incentivo, um caminho da economia nacional de reduo da taxa de juros, o que tem impacto grande na reduo da inadimplncia, de um lado, e no aumento do crdito populao de menor renda, por outro, o que incentiva o crescimento de toda a economia”, diz.

Pesquisas realizadas pelo Instituto Locomotiva em setembro de 2023 mostram a importncia do crdito para os brasileiros, que acabam usando a modalidade para comprar bens de necessidade e tambm para realizar sonhos. Meirelles destaca tambm a importncia da modalidade de parcelamento sem juros, cuja mudana ou extino chegou a ser cogitada em 2023.

De acordo com o Instituto Locomotiva, a inadimplncia chega a 50% entre aqueles que parcelaram com juros, caindo para 33% entre os que parcelaram a compra sem juros. Por isso, para Meirelles, a reduo do juro do rotativo foi acertada e ter impactos positivos.

Adequao dos limites

Para a professora de finanas da Fundao Getulio Vargas (FGV) Myrian Lund, a reduo da taxa de juros dever fazer com que os bancos e as instituies financeiras reduzam tambm os limites dos cartes de crdito “Cada banco te d um limite astronmico e isso acaba levando as pessoas a consumir mais que a capacidade de pagamento”, diz.

Com a queda dos juros, as instituies deixaro de ganhar com as taxas dos endividados e isso poder fazer com que revejam os limites, adequando-os capacidade de pagamento de cada consumidor. “O limite do carto acaba virando complemento da renda. Na verdade, o que precisa um processo de educao financeira, onde tem que se adequar ao que ganha”.

A taxa de 100% da dvida total, diz Lund, continua alta. Por isso, a professora da FGV d algumas dicas aos consumidores para evitar o endividamento. Primeiro, ter apenas um carto de crdito ativo. “A nossa mente no soma os vrios cartes que tem, sempre acha que gastou pouco”, justifica.

A segunda dica reduzir o limite do carto, para evitar gastar alm do que se pode pagar. E, por fim, evitar o parcelamento sem juros, a no ser para bens de maior valor como um notebook ou uma geladeira, evitando usar essa modalidade em compras dirias, como roupas, farmcia ou mercado. “Teria que guardar dinheiro para pagar no ms seguinte e so rarssimas as pessoas que fazem isso”, diz a professora.

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