Ataques areos de Israel atingiram ao menos trs hospitais na Faixa de Gaza nesta sexta-feira (10), segundo informes do Ministrio da Sade local e da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS). Como a sada dos brasileiros e demais estrangeiros est condicionada transferncia dos feridos da Faixa de Gaza ao Egito, os confrontos em torno dos hospitais podem dificultar a logstica para sada das ambulncias.
Entre os hospitais atacados nesta sexta-feira est o maior da Faixa de Gaza, o Al-Shiva, que fica na cidade de Gaza. “As foras de ocupao israelenses atacaram o Complexo Mdico Al-Shifa cinco vezes consecutivas e ainda tm como alvo as proximidades do hospital”, informou a entidade palestina.
Em uma rede social, o secretrio-geral da ONU para Assuntos Humanitrios, Martin Griffiths, comentou sobre os “relatos horrveis” que esto chegando sobre o ataque ao Al-Shiva e destacou que as vidas de milhares de pacientes, funcionrios e civis deslocados, esto em risco.
“Ao abrigo do direito humanitrio internacional, os hospitais devem ser protegidos. Como j disse antes, os atos de guerra em lugares protegidos devem parar. Na verdade, eles nunca devem acontecer”, afirmou.
De acordo com o direito humanitrio internacional, atacar unidades de sade configura crime de guerra.
Tambm nesta sexta-feira, a PRCS informou em uma rede social que “as foras de ocupao israelenses abriram fogo contra a unidade de terapia intensiva do hospital Al-Quds”. O hospital Al-Quds, na cidade de Gaza, est sob os cuidados dessa organizao.
“Um mrtir e 28 feridos entre os deslocados no Hospital Al-Quds, a maioria crianas, com dois deles em estado crtico devido aos atiradores de elite da ocupao que visavam o hospital. Alm disso, h ferimentos causados por estilhaos de artilharia a oeste do hospital”, publicou hoje o PRCS.
Israel tem defendido que o grupo Hamas constri tneis embaixo das unidades da sade, colocando os civis em risco. Todos esses hospitais ficam na parte norte do enclave palestino, onde Israel informa que tem concentrado as batalhas contra o Hamas. A Embaixada de Israel no Brasil foi procurada para comentar as informaes, mas no respondeu aos questionamentos.
Alm do hospital Al-Shiva, h relatos de confrontos em torno dos hospitais infantis Al-Rantisi e Al-Nasr, ambos no centro da cidade de Gaza, o que teria levado a incndios no Al-Rantisi e a suspenso de servios prestados pelas unidades. “As foras de ocupao israelitas sitiam os hospitais infantis Al-Rantisi e Al-Nasr, expondo as vidas de milhares de pacientes, pessoal mdico e pessoas deslocadas”, diz a comunicado do Ministrio da Sade de Gaza.
Alm disso, o Escritrio de Assuntos Humanitrios da ONU (Ocha) informou que o nico hospital psiquitrico de Gaza deixou de funcionar “depois de sofrer danos devido a um ataque do dia 5 de novembro”.
Brasileiros em Gaza
Os 34 brasileiros ou familiares foram autorizados a deixar a Faixa de Gaza, mas no conseguiram atravessar a fronteira de Rafah com o Egito porque h um entendimento entre os atores responsveis pela evacuao dos estrangeiros de que as pessoas de outras nacionalidades s podem sair da zona de guerra depois dos feridos, segundo informou nesta sexta-feira o ministro das Relaes Exteriores do Brasil, Mauro Viera.
Hoje aram ao menos 12 crianas com cncer ou outras doenas para o Egito e Jordnia, segundo a Organizao Mundial da Sade (OMS).
Porm, ainda h dezenas de feridos retidos no norte de Gaza, segundo o Escritrio da Representao do Brasil em Ramala, na Cisjordnia ocupada. O embaixador do Brasil no local, Alessandro Candeas, disse que a forte presena militar israelense e os combates ao redor de hospitais impedem ou dificultam a sada das ambulncias.
“Se ambulncias puderem sair amanh, os estrangeiros tambm sairo, inclusive nossos brasileiros. Estamos todos mobilizados. Assim que sair a notcia da abertura da fronteira, levaremos em poucos minutos todos de novo para l”, informou.
Em nota, a Embaixada de Israel no Brasil disse que, “apesar dos muitos esforos de Israel e do Brasil, o Hamas impediu hoje a abertura da agem de Rafah e impediu que os cidados brasileiros sassem da Faixa de Gaza”.