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Planta daninha resistente ao glifosato identificada em lavoura de soja pela 1 vez 1s6d4f

Descoberta foi feita no municpio de Juranda (PR) por tcnicos da Coamo Agroindustrial e relatada Embrapa Soja 336166

16/10/2023 | 08:43

Canal Rural

Planta daninha resistente ao glifosato

Foto: Reproduo

Foi identificada a primeira ocorrncia da planta daninha pico-preto (Bidens subalternans) resistente ao herbicida glifosato no Brasil, na safra 2022/23, em lavoura de soja.

A dificuldade de controle foi relatada Embrapa Soja por tcnicos da Coamo Agroindustrial Cooperativa, que observaram a sobrevivncia de uma populao dessa espcie, no municpio de Juranda (PR).

“Mesmo aps aplicaes sequenciais de glifosato, nas doses recomendadas nos rtulos e bulas, e executadas corretamente, o produto no controlou as plantas de pico-preto em lavouras de soja”, relata o pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas.

Para avaliar o caso, um grupo composto por tcnicos da cooperativa e pesquisadores da Embrapa iniciou os estudos de comprovao da resistncia em condies controladas.

“Primeiramente, coletamos plantas sobreviventes na rea para iniciar os estudos. Foram avaliadas, em anlises adicionais, amostras de sementes e plantas de populaes de pico-preto, tambm com suspeita de resistncia ao glifosato, provenientes de outras propriedades, assistidas pela cooperativa Lar”, conta Adegas.

“Ao mesmo tempo da realizao dos estudos de constatao da resistncia, conduzimos trabalhos de manejo dessa populao (de plantas daninhas), tanto em casa de vegetao quanto no campo”, diz o pesquisador.

Relatos no Paraguai
Em 2018, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Soja e da Universidade Estadual de Maring identificou no Paraguai, o primeiro, e at ento o nico, caso de resistncia dessa espcie ao glifosato no mundo.

A Embrapa e as cooperativas Coamo e Lar esto elaborando aes de monitoramento, manejo, mitigao e conteno da populao de pico-preto resistente.

“Tambm estamos planejando estudos para a determinao de qual o mecanismo de resistncia ao glifosato dessa populao e se existe resistncia mltipla a outros herbicidas”, afirma Adegas.

Esses estudos esto sendo feitos em parceria com a Universidade Estadual de Maring (UEM) e com a Pennsylvania State University (PSU), dos Estados Unidos.

Histrico de resistncia no Brasil

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No Brasil, observa-se dois momentos relacionados resistncia de plantas daninhas. Os primeiros casos no pas foram relatados em 1993, relativos s espcies Bidens pilosa (pico-preto) e Euphorbia heterophylla (leiteiro), resistentes a herbicidas inibidores da ALS.

Atualmente, os produtores vivem uma segunda etapa das plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato. “Esse processo de resistncia est relacionado ao uso constante do mesmo princpio ativo, na mesma rea, e por longo perodo de tempo”, explica Adegas.

O uso intensivo do glifosato acarretou grande presso de seleo sobre as plantas daninhas, resultando na seleo de 12 espcies resistentes. Entre elas, esto:
  • Azevm (Lolium perene spp multiflorum);
  • Trs espcies de buva (Conyza bonariensis, C. canadensis, C sumatrensis);
  • Capim-amargoso (Digitaria insularis);
  • Caruru-palmeri (Amaranthus palmeri);
  • Caruru-gigante (Amaranthus hybridus);
  • Capim-branco (Chloris elata);
  • Capim-p-de-galinha (Eleusine indica);
  • Leiteiro (Euphorbia heterophylla);
  • Capim-arroz (Echinochloa crusgalli); e agora: pico-preto (Bidens subalternans).

Aumento do custo de produo

Estudo realizado pela Embrapa avaliou que os custos de produo em lavouras de soja com plantas daninhas resistentes ao glifosato podem subir, em mdia, de 42% a 222%, principalmente pelo aumento de gastos com herbicidas e pela perda de produtividade da soja.

Segundo Adegas, os valores sobem, em mdia, entre 42% e 48%, para as infestaes isoladas de buva e de azevm, respectivamente, e at 165% se houver capim-amargoso resistente. Em casos de infestaes mistas de buva e capim-amargoso, por exemplo, o aumento mdio de 222%.

Processo de resistncia

Defensivos, pulveriza

Adegas define a resistncia como a habilidade herdada de uma planta daninha em sobreviver e reproduzir-se aps a exposio a uma dose de herbicida normalmente letal (dose de bula) para a populao natural.

“ uma ocorrncia natural, devido s plantas daninhas evolurem e se adaptarem s mudanas do ambiente e ao uso das tecnologias agrcolas”, explica.

Segundo ele, na prtica, o surgimento da resistncia ocorre pelo processo de seleo de indivduos resistentes, j existentes na populao presente nas reas de produo, em funo de aplicaes repetidas e continuadas de um mesmo herbicida ou de herbicidas com o mesmo mecanismo de ao, durante determinado perodo de tempo.

Como prevenir a seleo de plantas resistentes

Entre os mtodos preventivos recomendados, Adegas destaca a aquisio de sementes livres de infestantes; a limpeza de mquinas e equipamentos, especialmente as colheitadeiras e a manuteno de beiras de estrada, carreadores e terraos livres de infestantes.

No controle mecnico, a indicao pelas capinas e roadas. No caso de controle qumico, a principal ao a utilizao de herbicidas de diferentes mecanismos de ao, em distintos sistemas de controle.

Entre os mtodos culturais, so recomendados a diminuio dos perodos de pousio, o investimento em produo de palhada para cobertura do solo e a utilizao de cultivares adaptadas em espaamento entre linhas, alm da rotao de culturas.

O estudo foi realizado seguindo o protocolo para relato de casos de resistncia de plantas daninhas a herbicidas, proposto pelo Comit de Resistncia da Sociedade Brasileira da Cincia das Plantas Daninhas (SBD) e aprovado pelos Comit de Ao de Resistncia aos Herbicidas do Brasil (HRAC-BR) e Internacional (IRAC).

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