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Carne no deve ser 'vil' da inflao em 2020, mas preos no vo cair tanto, dizem analistas x5262

Valores aram por uma adequao no ano ado e mercado busca agora a estabilidade 116b4

10/01/2020 | 10:15

G1

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Setor da carne bovina comemora o bom desempenho no ano ado

Foto: Assessoria/Governo/Rondnia

A carne foi o destaque de alta da inflao brasileira em 2019, especialmente nos ltimos meses do ano, em meio ao aumento das exportaes para a China e desvalorizao do real. O preo subiu 32,4% no ano, representando o maior impacto individual na inflao anual.

Para 2020, a protena animal no deve pesar tanto no bolso do consumidor, mas tambm no ter os valores praticados h um ano, de acordo com especialistas.

Isso porque:

  • Os preos ficaram estagnados desde o incio da crise econmica, em 2015, e os valores precisavam ar por reajuste;
  • Para o Ministrio da Agricultura, a euforia da demanda chinesa tambm ou, e agora os preos devem encontrar um ponto de equilbrio;
  • Acabou a "entressafra do boi" e a oferta de animais prontos para o abate aumentou, o que tende a diminuir os valores negociados no mercado;
  • Quando a carne bovina cai, outras protenas, como frango e porco tendem a desvalorizar;
  • Porm, a abertura de novos mercados no pode ser descartada, o que traria um fato novo para a atual dinmica de preos.
O analista de mercado Leandro Bovo explica que o mercado da carne bovina, a principal consumida no pas, ou 4 anos sem alta de preos ao mesmo tempo que os custos de produo no paravam de subir.

"Alguma correo de preos era esperada. Em termos de inflao, o impacto maior j aconteceu, e, a partir de agora, no ser mais to relevante", afirma Bovo.

"Porm, o desconforto com o aumento dos preos, mesmo que menor, ainda estar presente", completa o scio-diretor da Radar Investimentos.

No campo, o valor de uma arroba de boi (15 kg) caiu cerca de 15% desde a exploso de preos, no final de novembro. Na cidade, a mdia de preos no varejo, calculada pela Scot Consultoria, baixou menos, 0,7%.

"Eu no acredito que as carnes sero as vils da inflao em 2020. O que tinha que vir, j foi", diz o consultor Alcides Torres.

"Agora, acreditamos que haver uma melhora da economia e a variao de preos ser absorvida durante o ano. Diferente de 2019, quando todo o impacto veio em 45 dias", completa o analista da Scot.

Isso porque acabou em dezembro a "entressafra da carne bovina" e a oferta de animais dever estar a todo o vapor at julho. Agora, o mercado busca equilbrio.

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Para Bovo, os contratos futuros da carne sinalizam para um meio-termo entre os valores praticados antes e depois de novembro.

"O mercado j achou um teto, que o primeiro o para encontrar o equilbrio. Uma boa referncia so os preos negociados no mercado futuro, que esto 19% acima do que vinha sendo negociado antes do movimento de alta”, explicou especialista.

"Ento, o equilbrio (de preo) da carne bovina seria uma alta ao redor de 20% do que o consumidor estava habituado a pagar (antes da crise), e no os 45% de alta que chegamos a ter em novembro", completa Bovo.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que a abertura de novos mercados e as habilitaes de novos frigorficos para vender para a China criaram uma euforia no setor, mas que ela j ou.

"No incio houve uma euforia, mas o mercado chins j se acomodou e o mercado brasileiro vem se acomodando", disse Tereza, durante evento em Patos de Minas na ltima quinta-feira (9).

“ muito difcil ela (carne) voltar aos patamares antigos para o produtor. O consumidor vai ter esse pequeno aumento”, acrescentou a ministra.

Alta era esperada pelo setor

O setor produtivo argumenta que uma alta era inevitvel em 2019, mas que a China, que a por uma crise de peste suna africana que matou milhes de animais e reduziu a oferta da carne mais consumida no pas, fez os valores dispararem.

Para aumentar as compras, os chineses habilitaram diversos frigorficos brasileiros no ano ado. Atualmente 102 indstrias brasileiras esto autorizadas a vender para China:16 de carne suna, e 48 de carne de frango, 37 de carne bovina e 1 de carne de asinino (jumento).

"Esse 'soluo' (de preos) de outubro, novembro e dezembro proporcionou esse desajuste. A expectativa que haja uma acomodao de demanda e volumes", disse em dezembro o presidente da associao dos frigorficos exportadores de carne bovina (Abiec), Antnio Camardelli.

"A expectativa que ainda haja uma 'zona cinzenta' at o ano novo chins (25 de janeiro), depois os preos devem se estabilizar", completou.

Frango e porco

Consideradas como "rota de fuga" quando o preo do boi dispara, as carnes de frango e porco continuaram a subir no fim de 2019 enquanto a bovina caa.

A analista do Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada da USP (Cepea) Juliana Ferraz explica que os valores continuaram firmes por causa de toda a valorizao do boi no ano ado. Alm disso, houve fatores especficos.

No caso dos sunos, a carne de porco tradicionalmente mais consumida nas festas de fim de ano, o que manteve o ritmo de alta nos ltimos dias do ano ado. Em janeiro, os valores esto estveis.

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J, no caso do frango, o preo mais alto de porco e boi ajudou na alta. Alm, disso os valores do milho e da soja, principais insumos da rao, subiram, deixando o custo de produo do criador maior.

"Tem um agravante que a grande dependncia dos preos do milho, que tambm est em alta. Apesar da safra enorme que tivemos em 2019, as exportaes do cereal tambm foram recorde, gerando alta de preos no mercado interno o que agravou a alta do frango e suno" explica o analista Leandro Bovo.

"O frango at teve uma valorizao, mas inferior dos insumos", disse Juliana.

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Segundo associao que representa os frigorficos do setor (ABPA), alm das exportaes e da disparada da carne bovina, outros fatores influenciam os preos do frango e do porco:

  • Dlar alto;
  • Falta de oferta de animais no mundo e exportao aceleada;
  • Milho utilizado na rao dos animais ficar mais caro.

A ABPA acredita que dois deles devero continuar neste comeo de 2020: o alto custo de produo, especialmente do milho, e a demanda chinesa.

Porm, neste incio de ano, essas duas carnes no devero influenciar na inflao, de acordo com a analista do Cepea.

"Todo ms de janeiro h uma queda no consumo de protena e de preos, muito em funo das despesas do perodo e das frias escolares", afirmou.

"Vale ressaltar que os preos das principais carnes consumidas no Brasil ainda esto em patamares elevados, tambm vlido lembrar que, quem ditar o ritmo do mercado interno nas prximas semanas, ser o comportamento das exportaes", completou Juliana.

Ovos

O Brasil bateu recorde na produo e consumo de ovos em 2019, foram 230 unidades por brasileiro, o que d 49 bilhes de ovos, segundo a ABPA.

Juliana Ferraz, do Cepea, explica que o brasileiro no costuma considerar o ovo como substituto das carnes, somente em grandes crises. Porm, o aquecimento de todo o mercado de carnes favoreceu o produto.

"Os elevados patamares de preos das principais carnes consumidas pelo brasileiro favoreceram as altas nas cotaes dos ovos, especialmente em dezembro. A alta mensal verificada para o ovo branco, inclusive, superou a registrada durante a Quaresma, perodo de maior valorizao do produto", disse.

Na parcial de janeiro (at o dia 9), o preo do ovo branco, tipo extra, negociado na Grande So Paulo registrou queda de 13% frente a dezembro. Na comparao anual, o valor est 32% acima da mdia registrada h um ano, quado estava em R$ 62.

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Juliana explica que, para 2020, o cenrio de preos do ovo ainda incerto. Com a pausa de fim de ano, muitos fornecedores esto dando desconto no produto por causa da validade do alimento. Ao mesmo tempo, criadores oferecem ovos novos a preos mais altos.

"O mercado est meio bagunado, bem difcil saber para onde vai caminhar os preos", resumiu a analista.

Fator ndia

A avaliao de especialistas, setor e governo leva em conta o cenrio atual de oferta e demanda, mas existe um fator que pode mexer novamente com o mercado de carnes: a ndia.

No fim do ms, o presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, vo ao pas querendo abrir o mercado para as protenas brasileiras.

Vale lembrar que a ndia tem uma populao acima de um bilho pessoas, que est aumentando seu poder aquisitivo e, consequentemente, a demanda por carnes.

"Ns agora estamos indo para a ndia, que um grande mercado que o Brasil quer ar e isso faz parte da dinmica do nosso mercado da nossa produo", disse a ministra.

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